sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

SEXUALIDADE E DEFICIÊNCIA



            A sexualidade humana implica necessariamente na expressão de valores, emoções, gênero e é essencialmente histórico e social, ou seja, abrange práticas sociais e costumes ligados a essas práticas. Existe então, de acordo com cada cultura, o que é considerado normal em relação à sexualidade e o que não é, e essa normalidade ainda é vinculada à promessa de felicidade idealizada. Apesar de vivermos em um momento histórico onde sempre afirmamos que existe uma grande liberação da sexualidade estamos cada vez mais aprisionados aos valores que consideramos, de acordo com a nossa cultura, normais ou não, e talvez, nunca tenhamos tido tanta necessidade de obedecer a esses valores.
            Se a sexualidade em si já é um tabu quando ela envolve algum tipo de deficiência fica pior ainda. O homem, que sempre viu na sexualidade uma forma de comprovar toda sua masculinidade, quando se vê deficiente, na maioria dos casos, sente como se tivesse perdido “seu poder” nas relações sociais e interpessoais. No caso da mulher, a deficiência atinge sua sexualidade na sua aparência, seu corpo que sempre foi objeto de erotização, agora está deformado, longe da perfeição tão necessária nos padrões atuais de normalidade.
             A deficiência, assim como a sexualidade, também é um fenômeno social e justamente por essa valorização exacerbada do corpo, da alta e rápida produtividade, as pessoas acabam por negar a deficiência, elas passam a distanciar de si mesmas tudo que as lembre de sua fragilidade. Se pensar na deficiência já é desafiador, pensar em uma sexualidade nas pessoas com deficiência é quase absurdo, então as pessoas se voltam a criação de mitos que permitam que elas não precisem pensar no assunto, mitos como a assexualidade dos deficientes, ou sua hiperssexualidade, por exemplo.
           Esses mitos descrevem ideias que são tomadas como gerais a todo deficiente, ou seja, compreender toda a pessoa como deficiente, e não apenas algo específico ou relacionado a ela. Quando a pessoa com deficiência passa a ser vista como alguém sem, negligenciam-se os cuidados contra situações de abuso e se omitem a essas pessoas o direito de acesso a orientação/educação sexual. O que tem elevado os índices de violência, de gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis.
        Sendo assim, em nenhuma situação há alguém que não seja sexuado, a dessexualização do indivíduo é social e não fisiológica. Os deficientes sentem prazer sexual como qualquer outra pessoa e pensar nisso com uma maior normalidade pode levar ao aparecimento de práticas que ajudem os deficientes a conversar sobre o tema, e a não sofrerem as consequências do negligenciamento de cuidados.

Equipe: 
Bruna do Vale (Psicologia)
Lorena Alencar (Psicologia) 
Ravena Moura (Psicologia)
Rebeca Veras (Psicologia).

Um comentário:

  1. Gostei de ver o tema tratado nesse blog.
    Sugiro usar a terminologia "pessoa com deficiência".
    Valeu!
    Hélio

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