quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

CINEMA E PESSOA COM DEFICIÊNCIA - PARTE 2


·                    SIMPLES COMO AMAR
Após passar alguns anos em uma escola especial, Carla Tate (Juliette Lewis) foi "graduada" e poderá voltar para casa de seus pais em São Francisco. Mas, apesar de ser intelectualmente limitada, Carla planeja morar sozinha, ter uma vida independente e também se libertar da presença da mãe, que a vigia de forma sufocante. Este desejo de ter seu próprio apartamento é aumentado quando conhece Danny McMann (Giovanni Ribisi), um jovem que como ela é mentalmente "lento”, mas mora sozinho. Em pouco tempo Carla e Danny estão namorando e já pensam em se casar.


O filme retrata a relação entre uma mãe e sua filha portadora de deficiência intelectual leve. A mãe tenta  super proteger a filha, ao ponto de ser uma relação sufocante. Ela julga a filha incapaz de realizar coisas como namorar, morar sozinha, casar, transar, se defender de situações perigosas, etc, mesmo que a filha se mostre perfeitamente capaz e preparada.
 Apesar das limitações intelectuais, Carla Tate, personagem deficiente, acaba se apaixonando por Danny McMann, que também possui deficiência intelectual, e os dois se envolvem ao ponto de se casarem. É importante ressaltar que eles possuem consciência de suas limitações, mas isso não os impede de serem felizes e levarem uma vida normal.

A deficiência faz com que Carla seja tratada de maneira diferenciada das suas irmãs, principalmente pela mãe. É como se ela fosse eternamente dependente dos cuidados dos pais. Esse tipo de comportamento é complicado, uma vez que dificulta o desenvolvimento e a aquisição da independência do deficiente, o colocando na posição de coitado e incapaz. Felizmente, esse desenvolvimento não é afetado na personagem do filme.

O que precisa ser levado em consideração é que todas as pessoas têm vontades próprias que precisam ser respeitadas, para que vivam em tranquilidade, de maneira saudável. Impor a alguém um modo de vida pode desencadear problemas psicológicos graves, e não é o fim esperado.

O filme trata ainda da sexualidade da pessoa com deficiência, de maneira sutil e realista, deixando claro que os desejos libidinais são iguais para todos, e mostra o quanto a satisfação sexual faz bem às pessoas, sejam elas quem for, com ou sem deficiência. É claro que cada um precisa se adequar às limitações, principalmente no caso dos deficientes, mas isso não impede o desenvolvimento de uma vida sexual saudável, e consequentemente que tenham um relacionamento afetivo feliz. A prova disso é o casamento de Carla e Danny.





·                    INTOCÁVEIS
Philippe Pozzo di Borgo, diretor da indústria de Champagne Pommery, herdeiro de duas famílias riquíssimas, sujeito dinâmico e agitado, apreciador da música clássica, vinhos refinados e da aventura, aos 42 anos sofre um acidente de parapente e fica tetraplégico. O infortúnio chega acompanhado de outra revelação, a de que a sua mulher, Beatrice, está condenada pelo câncer.
Abalado pela dor da perda (a mulher falece três anos depois) e da impossibilidade de cuidar de si próprio, entra em depressão, isolando-se com alguns empregados em sua mansão em Paris. Necessitando de um cuidador, ele abre vaga a dezenas de candidatos. Yamin Abdel Sellou, argelino delinquente desde a infância, líder de gangue, batedor de carteiras em liberdade condicional e socialmente rebelde, é o escolhido. Unem-se o deficiente físico e o deficiente social.

Este é um rápido resumo do filme Intocável. Este filme consegue nos surpreender, não só pela magnífica produção, mas principalmente pela história de amizade pura e verdadeira. Abdel, o cuidador de Philippe, introduz no cotidiano de Philippe uma parte de sua própria forma de viver a liberdade, perigosamente. A solidão do homem rico e impossibilitado da liberdade passa a ser preenchida pela imprevisível forma de viver de seu cuidador. Em troca, Philippe transforma a vida dele, abrindo-lhe a oportunidade de uma segunda chance, introduzindo-o na sociedade e lhe dando a condição de se autodescobrir como gente.
Abdel possui uma personalidade única. Extrovertido e verdadeiro, não poupa palavras nem atitudes na hora de lidar com Philippe. Ele sente-se a vontade para fazer piada com a deficiência de Philippe, que aceita e até mesmo acha graça, pois era acostumado a viver com os cuidados demasiados e tratamento diferenciado por ser um deficiente e, além disso, bastante rico.
As adversidades dos dois, gera uma relação de amizade transformadora de valores. A aceitação mútua de suas diferenças pessoas e sociais gera descobertas de possibilidades destruídas pela deficiência e a exclusão. Abdel consegue até fazer com que Philippe se permita viver um novo amor e voltar a pensar em sua sexualidade.
É justamente no convite para a descoberta das condições humanas e nas possibilidades da existência pelo qual trafega Intocáveis, com a sua narrativa que concilia o drama dos excluídos com a união de diferentes. 





Equipe: Fabiana Miranda, Fabrício Magalhães, Grécia Nonato, Lorena Tínel e Mariany Carneiro

"Cinema é como um sonho, como uma música. Nenhuma arte perpassa a nossa consciência da forma como um filme faz; vai diretamente até nossos sentimentos, atingindo a profundidade dos quartos escuros de nossa alma". (Ingmar Bergman)

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