Deficientes podem engravidar?
O fato é que a deficiência
(seja ela física, intelectual ou sensorial) não é impedimento para a gestação e
para a relação mãe-bebê. A experiência da maternidade é perfeitamente viável,
porém é requerido um acompanhamento médico viabilizando os procedimentos mais
adequados para cada caso.
Ainda existe um estranhamento por parte da
sociedade quanto à gravidez de mulheres deficientes. Porém sabe-se que
inclusive deficientes físicas podem gerar seus filhos, igualmente às outras
mulheres.
No caso de síndromes, muitos
são os casos em que existe a esterilidade, mas em caso contrário, a mulher pode
gerar seu filho normalmente, somente contando com outros exames além do
pré-natal, a fim de garantir a saúde da mãe e do bebê. Para as mulheres com
Síndrome de Down, por exemplo, a gestação acontece normalmente, como
explicaremos mais adiante.
Gestação e Parto X Deficiência:
Entre
as deficientes visuais
Não há diferença
fisiológica. O acompanhamento durante a gestação requer cuidados realmente
especiais devido a alterações do comportamento interno em que a mãe pode criar
certa angústia de precisar saber como o bebê está e não ter uma ideia visual da
situação. Mas os exames e a abordagem na gravidez de uma deficiente visual são
exatamente iguais a uma mãe não deficiente.
Na ultrassonografia, que é
uma das ações mais majestosas durante a gravidez da deficiente visual, a imagem
é relatada em cada detalhe para a nova mãe com muito mais expectativa, assim,
os médicos transformam em palavras às imagens que ficam tão distantes aos olhos,
com isso, diminuindo a angústia da futura mamãe e colaborando para um
atendimento com mais qualidade, comunicação e interação demonstrando assim um
caráter respeitoso que evidencia a preocupação com acessibilidade e inclusão. E
essa tradução do visual para o verbal (áudio descrição) não se reduz a futuras
mamães com deficiência visual, mas se amplia também a pais que queiram acompanhar
o pré-natal e o nascimento de seus bebês, a pacientes que são atendidos em
hospitais ou consultórios, a pessoas que vão fazer exames em laboratórios, ou
que são atendidas em clínicas de reabilitação e outros locais na área da saúde.
Entre as cadeirantes
Para o bebê não há risco
nenhum, ele se desenvolve normalmente. O cuidado maior que se deve ter é com a
mãe cadeirante, pois podem desenvolver problemas circulatórios como a trombose
e o aconselhável é fazer sessões de drenagem linfática e buscar um médico que
geralmente indica a ingestão de anticoagulante para prevenir esses problemas
circulatórios, contudo, esse tipo de medicamento que pode ser utilizado por
gestantes sem efeitos colaterais é bastante caro. Outro cuidado que a mãe deve
ter é com o peso e o recomendado é ter acompanhamento de uma nutricionista que
indique uma alimentação correta. Mas o cuidado com peso não é só pela saúde,
mas também por ter que trocar a cadeira de rodas em curtos intervalos de tempo
para uma mais espaçosa nos quadris e geralmente essas cadeiras de rodas tem um
custo elevado.
A necessidade de um parto
cesariano é um mito. Este só é recomendado quando favorecer a proteção à saúde
de mãe e filho.
Entre as mães com Síndrome
de Down
É raro, mas mulheres com
Down podem engravidar. Há apenas cerca de 30 casos documentados no mundo todo.
Igualmente como ocorre com mulheres sem a síndrome, a gravidez só é avaliada de
risco se a gestante exibir algum problema de saúde que necessite de mais
cuidados, como cardiopatia, pressão alta, diabetes ou obesidade, mas vale
ressaltar que nas mães com síndrome de Down, essas patologias são unidas com
mais frequência. É também importante ter atenção aos cuidados do pré-natal,
pois com a falta de informação da gestante e da família pode ocorrer que mães
com síndrome de Down só se consultem com um médico quando a gestação já estiver
progredida. Logo, os cuidados durante a gravidez são os mesmos que todas as
outras mulheres necessitam adotar, avaliando em cada caso a ocorrência ou não
de patologias. O tipo de parto é decidido de acordo com a situação geral da
mulher e do bebê.
Mãe-Bebê:
Após
o período apreensivo da gestação chega o momento em que a mãe recebe finalmente
seu bebê. Esse momento é desafiador para a maioria das mulheres, pois o bebê é
totalmente dependente de cuidados básicos a ser realizados por terceiros para
sua sobrevivência, principalmente feitos pela mãe. Para que a pessoa com deficiência desenvolva suas
habilidades cotidianas e/ou intelectuais é necessário que haja um ambiente
sensível e adequado às suas limitações, e o cuidado de um filho por uma mãe com
alguma limitação não é diferente. Dependendo do tipo de limitação essa
adaptação exigirá mais ou menos do ambiente e até mesmo de outras pessoas como
suporte, para realização de uma maternidade plena da mãe com deficiência.
Mães surdas, cegas,
cadeirantes, com limitação intelectual ou física são, dentro de seu limite
individual com ou sem ajuda de outras pessoas, capazes e tem o direito de
exercer os cuidados cotidianos de seus filhos como: dar de mamar, dar banho,
alimentar, levar à escola etc.
O que às vezes é necessário
é um suporte em sua maioria por profissionais de saúde, para orientar a melhor
forma de cuidado na relação mãe-bebê. Exemplificando, orientações com mãe cegas
a usar o olfato e o tato nos cuidados diários com o bebê e a importância da
comunicação verbal, como um meio de fortalecimento do vínculo mãe e filho.
Orientações para mães surdas seria ficarem atentas a reconhecer expressões
faciais do bebê como forma inicial de comunicação.
O que se pretende deixar
claro é que a maternidade é um direito de toda mulher com ou sem limitação
física/mental/intelectual/sensorial, bastando apenas a sua condição fisiológica
e a sua vontade para que se possa exercer a maternidade. O Sistema Único de
Saúde oferece acompanhamento e atenção especial para cada tipo de limitação
durante a gestação, parto e principais cuidados básicos após o nascimento.
A possibilidade de
engravidar e a capacidade de cuidar de um filho é questionada e muitas vezes
encarada com muito preconceito quando se trata de mulheres com deficiência. É
preciso ultrapassar esses obstáculos e reconhecer que a maternidade é sim, uma
possibilidade e um direito de todas as mulheres. Não se pode permitir que
barreiras ambientais/sociais impeçam que mulheres que desejem ser mães,
independente de sua condição física, mental ou sensorial possam ser, em
detrimento de uma imposição médica, social ou cultural. Discursos
incapacitantes, impositivos, carregados de um preconceito histórico em relação
às capacidades das pessoas com deficiência devem ser superados, quando se trata
dos sonhos e desejos do ser humano.
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Equipe:
Glaucia Keren Soares de Souza (Psicologia)
Lorena de Souza Ribeiro (Psicologia)
Zaina Pereira Martins Santos (Psicologia)
REFERÊNCIAS
Disponível em: <http://www.deficienteciente.com.br/2012/03/historia-de-superacao-da-artista-plastica-alison-lapper-uma-brava-guerreira.html> Acesso em:
06/07/2013.
Disponível em: <http://www.deficienteciente.com.br/2012/09/mulher-de-meio-corpo-desafia-a-medicina-e-e-mae-de-dois-filhos-saudaveis.html> Acesso em:
06/07/2013.
Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/noticia/4998/162/deficiencia-fisica-nao-e-obstaculo-para-gravidez.html> Acesso e 06/07/2013
Disponível em: <http://deficientealerta.blogspot.com.br/2010/03/gravidez-em-uma-cadeira-de-rodas.html> Acesso em:
07/07/2013.
Disponível em: <http://www.movimentodown.org.br/2013/01/as-mulheres-com-sindrome-de-down-e-a-gravidez-2/> Acesso em:
07/07/2013.
Disponível em: <http://blog.isocial.com.br/deficiencias-nao-sao-obstaculo-para-gravidez/> Acesso em:
07/07/2013.
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