quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

EDUCAÇÃO E DEFICIÊNCIA: A ESCOLA COMO UM ESPAÇO INCLUSIVO




Acreditamos ser o país da diversidade e de fato, somos! Somos variados e multifacetados em nossas formas de existir; no entanto ainda não conseguimos, depois de tanto tempo, processar essa informação. Prova disso é a nossa dificuldade de enxergar o deficiente como mais uma pessoa que possui a sua própria forma de existir.
imagem/google
Não estamos negando com essa afirmação que as pessoas com deficiência, independente de qual seja (surdez, cegueira, surdo-cegueira, paralisia cerebral, deficiência intelectual, deficiência física, entre outras), não possuam necessidades especiais, ou seja, necessidades e limitações específicas que as tornam diferentes. Estamos afirmando com base no que vimos até agora que, essas pessoas levam vários pesos, entre eles não só o polêmico: preconceito velado, mas o rótulo de “incapaz” dado por nós os “super normais”, entre outros.  Tais rótulos surgiram a partir da necessidade de nomear esse diferente, que só após um longo tempo de exclusão tiveram seus direitos assegurados: o direito de estudar e trabalhar como qualquer outro cidadão. A partir disso surgem as cotas e a educação inclusiva, tema ao qual nos deteremos.
Em 1994, a Declaração de Salamanca, que foi aprovada na Conferência Mundial de Educação, propôs que houvesse educação para todos e desse modo, que crianças deficientes fossem matriculadas na escola regular, iniciando assim, um processo de Inclusão educacional.
Entretanto, pode-se observar que a escola é feita, elaborada e planejada para os não-deficientes, como poderíamos incluir um deficiente em um ambiente que descarta a sua forma de existir? Privar a criança do ambiente escolar, é privá-la de uma parcela cultural que constitui subjetividade e inseri-la em um espaço que não está preparado para as suas restrições, significa excluí-la, pois sua autonomia não será desenvolvida, nem haverá aproveitamento das experiências que o ambiente educacional proporciona.
Falar em inclusão educacional implica em falar em inclusão social, pois se pensarmos a escola não só como um ambiente de aprendizagem, mas também de cultura, veremos por que, em nossa sociedade ela é um ambiente tão valorizado. Um ambiente que não é destinado apenas à aquisição sistematizada do conhecimento, ou de um lugar de interação social, mas também, de um ambiente cultural. Vigotsky destaca a importância do sócio-histórico-cultural, pois estes dão forma ao pensamento e são de extrema importância no desenvolvimento da criança, já que esta apreende e modifica a cultura. Assim é através das interações sociais e culturais (já que a escola apesar de possuir uma cultura própria, está inserida em uma cultura maior - em concordância com Claudia Lopes da Silva e Maria Isabel da Silva leme (2009)) que o desenvolvimento pode ser promovido. Então podemos concluir que a escola que não promove a inclusão de forma eficaz estaria barrando o desenvolvimento pleno da criança com deficiência por não proporcionar um ambiente em que ela possa interagir socialmente. 
Nas práticas educacionais diárias, percebe-se que incluir educacionalmente restringiu-se a inserir o aluno na instituição acadêmica, sem levar em consideração suas limitações físicas, sociais ou de aprendizagem. Todavia, por Inclusão educacional entende-se não apenas a
“inserção do aluno com deficiência no ensino comum. Trata-se de um conceito amplo que inclui o respeito às diferenças: individuais, culturais, sociais, raciais, religiosas, políticas e que entende o indivíduo como ser pleno e com talentos a serem desenvolvidos”. (LEITE, L. P. SILVA, A. M. MENNOCCHI, L. M. CAPELLINI, V. L. M. F. A adequação curricular como facilitadora da educação inclusiva. Psic. da Ed., São Paulo, 32, 1º sem. de 2011, pp. 89-111)
A partir dessa definição surgem inúmeros questionamento sobre como proporcionar uma inclusão efetiva, que assegure todos os direitos dos deficientes no contexto escolar.
Tais direitos serão assegurados quando as instituições perceberem a importância da formação dos profissionais envolvidos na pratica educacional. O professor, como mediador do conhecimento deve ser capacitado, para que consiga entender as limitações dos seus alunos, propiciando, de tal modo, a aprendizagem efetiva destes.
Além das técnicas educacionais que proporcionem melhores condições de aprendizagem, não se deve concluir que incluir é uma responsabilidade apenas do professor, tal processo requer em enlaçamento de toda a instituição. O diretor, como figura de autoridade dentro do ambiente escolar, deve, em parceria com todos os profissionais envolvidos, buscar, planejar e desenvolver ações que permitam a equidade. A utilização de palestras é útil e necessária ao ser aliada a outros recursos, para a conscientização dos profissionais e também dos alunos numa tentativa de promover o respeito a todas as diversidades do existir humano.
Deve-se levar em consideração, ainda, a importância de profissionais especializados, tradutor de libras no caso de surdos-mudos, equipamentos adequados como a máquina de escrever Braille para cegos, adaptação dos espaços físicos, entre outros.
Conclui-se deste modo, que falar de inclusão é complexo, pois perpassa por diversas áreas exigindo integração multiprofissional, investimentos em ações práticas e pesquisas, mas apesar de todas a dificuldades, existem experiência que dão certo quando há boa vontade por parte dos profissionais, como é o caso de algumas escolas públicas no estado da Bahia. (ver vídeo):



SILVEIRA, K. A ENUMO, S.R.F. ROSA, E. M. Concepções de professores sobre inclusão escolar e interações em ambIente inclusivo: uma revisão da literatura. Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, v. 18, n. 4, p. 695-708, Out.-Dez., 2012

SILVA, C. L. SILVA, M. I. O Papel do Diretor Escolar na Implantação de uma Cultura Educacional Inclusiva. PSICOLOGIA  CIÊNCIA  E  PROFISSÃO, 2009, 29 (3), 494-511

LEITE, L. P. SILVA, A. M. MENNOCCHI, L. M. CAPELLINI, V. L. M. F. A adequação curricular como facilitadora da educação inclusiva. Psic. da Ed., São Paulo, 32, 1º sem. de 2011, pp. 89-111


Equipe: Ariane Falcão, Fernanda Brito, Jésica Silva Brito e Jéssica Avelino.

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