“A música é
capaz de reproduzir, em sua forma real, a dor que dilacera a alma e o sorriso
que inebria”
Ludwig Van Beethoven
A música sempre fez parte das civilizações mais
remotas e
é uma característica inerente ao ser humano. No entanto, pouco se sabe ou se
discute nas escolas e universidades sobre o ensino da música para pessoas com
deficiência tanto visual, auditiva, física ou mental. A inserção da pessoa com
deficiência no meio artístico, e especialmente na música, é bastante
dificultada pela falta de informação de muitos. A discussão do ensino da música
para pessoas com necessidades especiais, ainda deve ser muito ampliada, visto
que essas pessoas têm interesse em estudar essa linguagem artística, mas ao
tentarem encontram sérias dificuldades de acesso. Porém, mesmo com muitas
dificuldades, temos exemplos que demonstram a capacidade de pessoas, que mesmo com limitações, podem
fazer música de qualidade. A música permite, para as pessoas com deficiência,
uma possibilidade de conviver com as limitações e se incluir, como na fala de
Godoy “a arte desconhece diferenças, desconhece limites e, por isso mesmo,
coloca-nos a todos em pé de igualdade” (2000, p.39)
Ludwig
Van Beethoven
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Muitos acreditam que é impossível
ensinar música para pessoas que não podem ouvir. No entanto, essa crença é
inverídica, pois já existem alguns estudos que comprovam que pessoas com surdez
congênita ou adquirida podem fazer música de qualidade tal qual um ouvinte. Quem
não se lembra de Ludwig Van Beethoven? Beethoven sempre foi um excelente
músico, no entanto em 1796 aos 26 anos começou a perder a audição, foi um
período de crise, depressão e pouca produção, mas após alguns anos ele volta a
compor lentamente e entre 1822 e 1824 ele compõe a sua maior obra-prima: Sinfonia
nº 9 em Ré Menor e hoje ele é considerado um gênio da música. A verdade é que
se tem a falsa impressão de que a música só é possível graças ao som, mas
sabe-se que fisicamente todo som produz vibrações que podem ser sentidas. Beethoven
é um exemplo de que a música não é uma arte feita apenas para ouvintes e sim
para qualquer pessoa que seja capaz de sentir vibrações.
Stevie Wonder
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Falando
um pouco da deficiência visual, existem algumas pesquisas que trazem evidências
confiáveis de que os cegos possuem uma melhor sensibilidade auditiva, isso se
dá porque ao não possuir um dos sentidos, os outros sentidos se desenvolvem
melhor. Um pesquisador chamado Pascal Belin, da University
of Glasgow (UK), descobriu que crianças que perderam a visão até os
dois anos de idade, como Stevie Wonder, desenvolvem uma melhor habilidade
musical que pessoas que ficaram cegas mais tarde ou que tem uma boa visão. Quando
uma pessoa fica cega, parte do seu cérebro que era usado para informação visual,
se reorganiza para assumir outras funções (como processar informação auditiva)
e quanto mais cedo essa reorganização acontece, mais eficiente e bem
desenvolvida são as outras funções. Talvez isso explique o fato de Stevie
Wonder ter feito sucesso mais cedo que Ray Charles, que perdeu a visão aos 7 anos,
embora ambos sejam excelentes músicos.
Tony Iommi
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Cerca
de 24% de pessoas no Brasil têm algum tipo de lesão corporal – seja de origem
congênita ou adquirida – essas lesões limitam algumas atividades cotidianas
dessas pessoas que a possuem. A importância da música é de facilitar a
recuperação e promover o possível desenvolvimento de habilidades peculiares, a
exemplo de Tony Iommi guitarrista do Black Sabbath, que ao perder as pontas dos
dedos, conseguiu desenvolver uma técnica própria de tocar seu instrumento com
as próteses implantadas em seus dedos. Assim como Rick Allen baterista da banda
Def -
Rick Allen
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Leppard, que ao perder o braço, continuou tocando a bateria (embora tenha
feita alguns adaptações) com exímia capacidade e agilidade, mesmo sem um dos
braços. Fica nítido que nessas experiências, essas pessoas dotadas de
deficiência física demonstram no exercício de seu ofício uma real adaptação às
limitações e restrições que a deficiência supunha impor.
Pessoas
com deficiência mental também podem aprender e desenvolver o talento de tocar
instrumentos. Ao contrário do que muitas pessoas na sociedade moderna pensam,
pessoas com distúrbios mentais conseguem tocar qualquer instrumento se forem
treinadas para tal. Esse exercício de aprendizagem exige muito dos
facilitadores quanto dos alunos, mas o retorno deste árduo processo é muito
gratificante, principalmente para a família que percebe melhoras no desempenho
do paciente. O aumento da concentração,
memória, coordenação motora, socialização, acuidade auditiva e disciplina e a
constância da alegria e bem-estar dos pacientes, são alguns dos vários pontos
positivos na inserção da música na vida deles.
Para
se falar de música para pessoas com deficiência, deve-se transpor todo o
pré-conceito sobre ou ouvir e fazer música, visto que ela pode ser sentida por
diversas formas e sendo universal, pode sensibilizar a todo um publico e suas
diversidades. Faz-se necessário a inclusão da música no cotidiano de pessoas
com deficiência, para desenvolver o cognitivo, a coordenação e a criatividade,
além de ser um forte fator de inclusão social.
Surdodum (Banda de percussão formada por 13 integrantes, sendo 7 músicos
surdos e 6 ouvintes voluntários, desde 1994)
Acesse o link: http://www.surdodum.com/
Danielle Pizziolo (Psicologia)
Yasmin Albuquerque (Psicologia)
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