sexta-feira, 12 de julho de 2013

Musica e Inclusão


“A música é capaz de reproduzir, em sua forma real, a dor que dilacera a alma e o sorriso que inebria”
Ludwig Van Beethoven
                                                                                                            
A música sempre fez parte das civilizações mais remotas e é uma característica inerente ao ser humano. No entanto, pouco se sabe ou se discute nas escolas e universidades sobre o ensino da música para pessoas com deficiência tanto visual, auditiva, física ou mental. A inserção da pessoa com deficiência no meio artístico, e especialmente na música, é bastante dificultada pela falta de informação de muitos. A discussão do ensino da música para pessoas com necessidades especiais, ainda deve ser muito ampliada, visto que essas pessoas têm interesse em estudar essa linguagem artística, mas ao tentarem encontram sérias dificuldades de acesso. Porém, mesmo com muitas dificuldades, temos exemplos que demonstram a capacidade de pessoas, que mesmo com limitações, podem fazer música de qualidade. A música permite, para as pessoas com deficiência, uma possibilidade de conviver com as limitações e se incluir, como na fala de Godoy “a arte desconhece diferenças, desconhece limites e, por isso mesmo, coloca-nos a todos em pé de igualdade” (2000, p.39)



Ludwig Van Beethoven
Muitos acreditam que é impossível ensinar música para pessoas que não podem ouvir. No entanto, essa crença é inverídica, pois já existem alguns estudos que comprovam que pessoas com surdez congênita ou adquirida podem fazer música de qualidade tal qual um ouvinte. Quem não se lembra de Ludwig Van Beethoven? Beethoven sempre foi um excelente músico, no entanto em 1796 aos 26 anos começou a perder a audição, foi um período de crise, depressão e pouca produção, mas após alguns anos ele volta a compor lentamente e entre 1822 e 1824 ele compõe a sua maior obra-prima: Sinfonia nº 9 em Ré Menor e hoje ele é considerado um gênio da música. A verdade é que se tem a falsa impressão de que a música só é possível graças ao som, mas sabe-se que fisicamente todo som produz vibrações que podem ser sentidas. Beethoven é um exemplo de que a música não é uma arte feita apenas para ouvintes e sim para qualquer pessoa que seja capaz de sentir vibrações.

Stevie Wonder
Falando um pouco da deficiência visual, existem algumas pesquisas que trazem evidências confiáveis de que os cegos possuem uma melhor sensibilidade auditiva, isso se dá porque ao não possuir um dos sentidos, os outros sentidos se desenvolvem melhor. Um pesquisador chamado Pascal Belin, da University of Glasgow (UK), descobriu que crianças que perderam a visão até os dois anos de idade, como Stevie Wonder, desenvolvem uma melhor habilidade musical que pessoas que ficaram cegas mais tarde ou que tem uma boa visão. Quando uma pessoa fica cega, parte do seu cérebro que era usado para informação visual, se reorganiza para assumir outras funções (como processar informação auditiva) e quanto mais cedo essa reorganização acontece, mais eficiente e bem desenvolvida são as outras funções. Talvez isso explique o fato de Stevie Wonder ter feito sucesso mais cedo que Ray Charles, que perdeu a visão aos 7 anos, embora ambos sejam excelentes músicos.

Tony Iommi
Cerca de 24% de pessoas no Brasil têm algum tipo de lesão corporal – seja de origem congênita ou adquirida – essas lesões limitam algumas atividades cotidianas dessas pessoas que a possuem. A importância da música é de facilitar a recuperação e promover o possível desenvolvimento de habilidades peculiares, a exemplo de Tony Iommi guitarrista do Black Sabbath, que ao perder as pontas dos dedos, conseguiu desenvolver uma técnica própria de tocar seu instrumento com as próteses implantadas em seus dedos. Assim como Rick Allen baterista da banda Def -
Rick Allen
Leppard, que ao perder o braço, continuou tocando a bateria (embora tenha feita alguns adaptações) com exímia capacidade e agilidade, mesmo sem um dos braços. Fica nítido que nessas experiências, essas pessoas dotadas de deficiência física demonstram no exercício de seu ofício uma real adaptação às limitações e restrições que a deficiência supunha impor.


Pessoas com deficiência mental também podem aprender e desenvolver o talento de tocar instrumentos. Ao contrário do que muitas pessoas na sociedade moderna pensam, pessoas com distúrbios mentais conseguem tocar qualquer instrumento se forem treinadas para tal. Esse exercício de aprendizagem exige muito dos facilitadores quanto dos alunos, mas o retorno deste árduo processo é muito gratificante, principalmente para a família que percebe melhoras no desempenho do paciente.  O aumento da concentração, memória, coordenação motora, socialização, acuidade auditiva e disciplina e a constância da alegria e bem-estar dos pacientes, são alguns dos vários pontos positivos na inserção da música na vida deles.
Para se falar de música para pessoas com deficiência, deve-se transpor todo o pré-conceito sobre ou ouvir e fazer música, visto que ela pode ser sentida por diversas formas e sendo universal, pode sensibilizar a todo um publico e suas diversidades. Faz-se necessário a inclusão da música no cotidiano de pessoas com deficiência, para desenvolver o cognitivo, a coordenação e a criatividade, além de ser um forte fator de inclusão social.
                                                                 
Surdodum (Banda de percussão formada por 13 integrantes, sendo 7 músicos surdos e 6 ouvintes voluntários, desde 1994)
Acesse o link: http://www.surdodum.com/

Danielle Pizziolo (Psicologia)
Yasmin Albuquerque (Psicologia)



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