sexta-feira, 12 de julho de 2013

OS INVISÍVEIS

Pensar na deficiência não é igual a se pensar na pessoa com deficiência. Podemos teorizar ter um discurso politicamente correto e até romântico da deficiência, mas será que somos capazes de verdadeiramente olhar para a pessoa com deficiência?  Ou evitamos essas pessoas por medo de que a deficiência seja uma “doença contagiosa?“



A invisibilidade que acomete pessoas com deficiência, infelizmente, não se parece com mesma que utilizam os super-heróis dos filmes ou quadrinhos, no caso da pessoa deficiente, a invisibilidade em questão é a do âmbito social.
 Pessoas com deficiência têm suas características ignoradas, podendo sofrer tanto do descaso da sociedade, em que finge que estas pessoas não existem, bem como quando são inseridas em um discurso aparentemente humanitário e igualitário, em que “todos somos iguais”, e que “o que importa é a nossa personalidade e nossas atitudes”, blá blá blá...
Esse tipo de discurso geralmente tem a intenção de integração e dar direitos iguais a todos, mas consequentemente se torna uma forma de homogeneizar as características das pessoas, pois se realmente somos todos iguais então pra que existir rampas de acesso, livros em braile, libras, etc.

O que a sociedade tem que entender é que o correto não é igualar as pessoas, e sim garantir a todos os mesmos de direitos, as necessidades físicas ou cognitivas devem ser consideradas e supridas de forma que pessoas com algum tipo de deficiência não tenham déficits em relação ao acesso e a utilização de qualquer lugar ou serviço. É preciso que todas as características ou limitações sejam consideradas e consequentemente supridas.


Xuxa-  Muito Prazer

Existem filhos que precisam mais carinho
De mais cuidados e atenção especial
E essas crianças quando muito bem amadas
Só Deus quem sabe qual o seu potencial
Seus pais conhecem um segredo do universo
Da harmonia e na diversificação
Amar alguém dito normal é muito fácil
Longe da indiferença e discriminação
Me pergunto se a tua indiferença é natural
Me pergunto em que consiste ser normal
Me pergunto qual o referencial
Porque todo mundo tem que ser igual
Quem de nós é um ser humano exemplar
Quem de nós não tem espelho pra se olhar
Quem de nós é capaz de atirar
A primeira pedra sem se machucar
Alguns de nós julgam se mais que todo mundo
Como se o sol fosse escolher pra quem nascer
Comparações são vaidosas ou amargas
Tudo na vida tem uma razão de ser
Tem gente preconceituosa e arrogante
E eu me preocupo com seu modo de pensar
Como se Deus fosse algum ser inconsequente
Que faz pessoas diferentes só pra olhar


A letra acima da cantora Xuxa tenta traduzir, numa escrita simples e acessível, este dilema social que ainda percorre ruas, cidades e estados, a saber, o pré-conceito em relação à pessoa com deficiência.


“Não sei falar do que não sinto, não sei dizer o que não são palavras, às vezes passa despercebida, às vezes causa estranheza, às vezes causa compaixão; são as maneiras como geralmente reagimos quando temos contato (não necessariamente direto) com pessoas com deficiência é a maneira que nos ensinaram a ver, a pessoa com deficiência.

Apesar de sempre ouvir falar em inclusão social e acessibilidade sempre se evidenciava a deficiência da pessoa e não a pessoa e todo um contexto social que simplesmente ignora a total falta de meios que proporcione a qualidade de vida a quem tenha qualquer deficiência. ”



É mais do que necessário, perpassar por cada um de nós essa consciência do humano e a respectiva valorização, não por raça, não por credo, não por padrões de normalidade que imperam infelizmente, mas tão somente pela pessoa que é, pessoa por sinal igual todas as outras, e que sendo pessoa, necessita de atenção, amor, carinho, afeto, cuidado, transporte, afago, relacionamento, educação, saúde, e muito mais.
Sem essa consciência do outro, apesar das diferenças triviais, não conseguiremos avançar, por isso cabe-nos esse desafio.
“Tudo que eu não vi é tudo que eu preciso aprender.” (Marcos Almeida, cantor e compositor brasileiro)

Foto retirada do site: http://www.star.t.u-tokyo.ac.jp/projects/MEDIA/xv/oc.html
Nos tornamos incapazes de enxergar quem está claramente visível, enquanto os que se tornaram invisíveis pela nossa indiferença não estão cegos para nosso tipo de (in)percepção.
No livro “Sempre haverá um amanhã”, o personagem pai de Mahara, que na trama é uma menina com síndrome de Down, fala do olhar de sua filha da seguinte maneira: “Descubro nesse olhar brilhante um amor que espera escondido, a vez de ser retribuído” (NICOLELIS, 1999, p. 52). Nas últimas páginas do livro, ele diz: “De alguma forma ela estava destinada a nós, para que também crescêssemos com sua presença, aceitando-a como é e, em decorrência, aceitando o dom da vida!” (NICOLELIS, 1999, p. 71). Que nossos olhos se abram para enxergar a vida e nos permitir criar espaços para as diversas formas de viver no mundo.


EQUIPE:
Mônica (Psicologia)
Wesley (Psicologia)
Cássia (Psicologia)
Daniel (Psicologia)
Andressa (Psicologia)

Referências
NICOLELIS, Giselda Laporta. Sempre haverá um amanhã. 33.ed. São Paulo. Editora Moderna, 1999. p. 52 e 71.
Optical Camouflage, Tokio. Disponível em <http://www.star.t.u-tokyo.ac.jp/projects/MEDIA/xv/oc.html>. Acesso em: 08 jul. 2013.

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