1 - Como é feito o processo de alfabetização de alunos surdos?
Quando nascemos ouvintes adquirimos a
língua de maneira natural na convivência e pelas experiências sociais.
Com o passar do tempo vamos adquirindo as competências propiciadas pela língua.
Compreendemos enunciados, produzimos frases,
brincamos. Quando vamos à escola já temos uma base lingüística bem avançada.
Daí, podemos explorar o universo simbólico dos jogos, da leitura e da escrita;
e é a língua que será base de tudo. O processo de alfabetização de leitura e
escrita já foi precedido pela aquisição de uma língua - no caso da maioria dos
ouvintes brasileiros o português. Os surdos quando nascem numa família de
surdos ou quando seus pais se empenham em aprender e comunicar em Libras,
também passam pelas mesmas fases de um ouvinte. Eles compreendem enunciados,
produzem palavras, frases, brincam... E quando forem à escola - se for uma
escola para surdos ele estudará sua língua, aprenderá a leitura e escrita da
mesma.
Se uma pessoa nasce numa família em que se fala o
Tupi, o ideal seria que quando fosse à escola ela pudesse receber as instruções
em Tupi, e a leitura e escrita também deveria primeiro focar esse idioma,
afinal essa seria sua língua natural e materna. Certamente a criança que tem
como língua materna o Tupi enfrentaria muita dificuldade para ler e escrever em
português. O ideal seria que ele se apropriasse da sua Língua e depois
estudasse o português como segunda língua. Podemos fazer um paralelo com a
situação dos surdos.
O ideal e natural seria que
ele pudesse usufruir de uma educação que lhe propiciasse investigações e trocas
em sua língua. O aprendizado do português escrito teria que ser oferecido como
segunda língua.
2 - A alfabetização dos surdos é feita somente por meio da linguagem de sinais?
A Libras é uma língua, assim como o português é
uma língua, o espanhol também é. Linguagem é um termo genérico que comporta a
espécie Língua. Língua é algo intrínseco dos humanos, linguagem pode ser algo
artificial. "A língua abre as portas da inteligência".
A alfabetização da criança surda usualmente tem se dado por meio oral ou gestual. Porém, antes de falar sobre alfabetização é necessário falar de aquisição da linguagem, oportunidade e decisão da família.
Quando uma criança ouvinte vai à escola ela já adquiriu o idioma - em geral o português. Daí será trabalhado às bases para leitura, escrita e etc. Quando uma criança surda não nasce numa família de surdos, muitas vezes a família decide não aprender a Libras ou não teve a oportunidade de conhecer a Libras. Em geral essas crianças chegam a escola sem nenhuma língua. Em geral as escolas passam a instrução na forma oral ou escrita da língua portuguesa. A maioria das famílias recebe a orientação para que seus filhos sejam oralizados para poderem se apropriar da língua portuguesa, e em muitos casso a família é alertada para não deixar o surdo ter contato com a "linguagem de sinais". Essa orientação tem funcionado em casos raros. Na maioria esmagadora dos casos a criança perde um longo tempo de sua vida tentando se apropriar duma língua oral e não conhecendo a a língua de sinais. A criança não tem nenhum idioma. A experiência revela que muitas crianças nesta situação se comunicam de maneira limitada. Em Petrolina, Juazeiro, Senhor do Bonfim e em muitos outros lugares podem ser encontrados exemplos vivos. O tempo vai passando e a criança vai tentando se apropriar do idioma oral. Enquanto isso ela enfrenta dificuldades para ler, escrever e para se comunicar. Não é de admirar que esta situação tem inibido alguns e estressado outros.
A alfabetização da criança surda usualmente tem se dado por meio oral ou gestual. Porém, antes de falar sobre alfabetização é necessário falar de aquisição da linguagem, oportunidade e decisão da família.
Quando uma criança ouvinte vai à escola ela já adquiriu o idioma - em geral o português. Daí será trabalhado às bases para leitura, escrita e etc. Quando uma criança surda não nasce numa família de surdos, muitas vezes a família decide não aprender a Libras ou não teve a oportunidade de conhecer a Libras. Em geral essas crianças chegam a escola sem nenhuma língua. Em geral as escolas passam a instrução na forma oral ou escrita da língua portuguesa. A maioria das famílias recebe a orientação para que seus filhos sejam oralizados para poderem se apropriar da língua portuguesa, e em muitos casso a família é alertada para não deixar o surdo ter contato com a "linguagem de sinais". Essa orientação tem funcionado em casos raros. Na maioria esmagadora dos casos a criança perde um longo tempo de sua vida tentando se apropriar duma língua oral e não conhecendo a a língua de sinais. A criança não tem nenhum idioma. A experiência revela que muitas crianças nesta situação se comunicam de maneira limitada. Em Petrolina, Juazeiro, Senhor do Bonfim e em muitos outros lugares podem ser encontrados exemplos vivos. O tempo vai passando e a criança vai tentando se apropriar do idioma oral. Enquanto isso ela enfrenta dificuldades para ler, escrever e para se comunicar. Não é de admirar que esta situação tem inibido alguns e estressado outros.
Quando a família decide aprender a língua de
sinais ou permite que o surdo tenha contato com surdos e aprenda Libras os
problemas de comunicação, aprendizado do conteúdo escolar e interação social
são muito reduzidos. A língua portuguesa na modalidade escrita deveria ser
ofertada com metodologia de segunda Língua. Posteriormente poderia ser
oferecida a modalidade oral, deixando a cargo do surdo a escolha pelo estudo
dessa modalidade. Falar( usar) Libras, não impede de aprender a escrever ou até
a falar o português.Na verdade falar Libras pode facilitar o estudo da língua
portuguesa, inglês, espanhol...
Porém, na maioria das
escolas os governos não oportunizam o estudo da disciplina Libras. Era
de se esperar o aluno pudesse ler e escrever em Libras. Era de se esperar que
toda a comunidade escolar, principalmente os professores recebessem capacitação
para aprenderem a Libras. Era de esperar que a família decidisse aprender Libras e muitos se excusam. Essas
decisões e oportunidades não têm sido tomadas nem oferecidas. Alguns ainda
insistem em atribuir as dificuldades dos surdos ao seu idioma. É como se eles
não tivessem direito a usar o seu idioma e estudá-lo. Na verdade esse idioma é
a chave para todos os conhecimentos.
3 - Como a estrutura sintática da Lingua Portuguesa é diferente da
Linguagem de sinais, qual a lingua que os surdos aprendem primeiro?
Os
surdos naturalmente estão inclinados a aprender a Língua de sinais. Se você
está viajando por uma estrada e se depara com uma obstrução do trecho, é
natural que você busque outra via desobstruída. Existe uma barreira sensorial
auditiva para os idiomas orais, e naturalmente o cérebro busca a via visual que
está desobstruída. Por esta razão os surdos em sua maioria aprendem
rápido um idioma visuo-gestual. O aprendizado desse idioma não lhes impede de
adquirir um idioma oral, apenas a metodologia de ensino do idioma oral é
adequada, confortável e atraente e precisa ser posterior ao sinalizado para que
a viajem lingüística seja uma experiência progressiva.
4 - Qual é o maior desafio do ensino de Libras para surdos?
Os
desafios para o ensino de Libras são menores do que os desafios para o ensino
da língua oral. (Só para enfatizar: depois da aquisição de Libras, o surdo
poderá, dependendo da metodologia, aprender português, espanhol, inglês, etc). Se
os surdos tiverem contato com outros surdos eles aprenderão a Libras de maneira
natural e muito rápida. Se a família aprender Libras, todos serão beneficiados
pela comunicação plena. Também, o ideal seria que houvesse escolas primárias
com turmas de surdos e com professores surdos ou professores fluentes em
Libras. Quando esses três fatores não acontecem aí os desafios crescem. Mas o
ensino da Língua oral em mais de cem anos, na maioria dos casos foi ainda mais
frustrante, gerador de preconceitos e uma perca de tempo. Depois de adquirir a
Língua de sinais, o surdo pode estudá-la e estudar outros idiomas, até mesmo na
sua modalidade oral, nessa perspectiva os desafios são superados e
enriquecedores.
5 - Qual é o maior desafio do ensino de Libras para não surdos?
Para
não surdos, o aprendizado da Libras pode ser dificultado pela escassez de
material que consiga conduzir de maneira confortável o aprendiz ao outro
idioma. Existem materiais da LSB vídeo, da videolivraria, Libras em contexto.
Esses materiais são pioneiros, mas o mercado tem muito que ser pesquisado e
produzido. Outro impedimento pode ser que o profissional que ministra a
disciplina ou o curso de Libras seja limitado nesse idioma. Outros também não
tem a preferência por esse idioma, mas precisam estudá-lo para dar conta do
currículo.
Sugestão de Leitura: Vendo vozes de
Oliver SACKS.
Atenciosamente: Enos Figueredo de Freitas - Professor de Libras da UNIVASF e FPAG.
Discente: Evelin Feiffer
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