O filme é composto de 19 depoimentos de pessoas
com problemas visuais, falam como se vêem, como vêem os outros e como percebem
o mundo, fazem revelações pessoais e inesperadas sobre vários aspectos relativos
à visão: o funcionamento fisiológico do olho, o uso de óculos e suas
implicações sobre a personalidade, o significado de ver ou não ver em um mundo
saturado de imagens e também a importância das emoções como elemento
transformador da realidade se é que ela é a mesma para todos. A idéia surgiu
da vivência do diretor João Jardim, que achava que o fato ter uma miopia muito
grande teria influenciado em sua personalidade e até mesmo em sua vida.
Assista completo em: http://www.youtube.com/watch?v=56Lsyci_gwg
"Janela da Alma", de João Jardim e Walter Carvalho é um
documentário, seu título faz referência à frase de Leonardo da Vinci: o olho é
a janela da alma, o espelho do mundo. Segundo o
artista, “O que há de admirável no olho é que através dele – de um espaço tão
reduzido – seja possível a absorção das imagens do universo. De sorte que esse
órgão – um entre tantos – é a janela da alma, o espelho do mundo.”
São várias entrevistas entre artistas, entre eles: o escritor José Saramago,
Hermeto Pascoal (músico), o poeta Manoel
de Barros, a cineasta Agnès Varda, intelectuais como o neurologista inglês
Oliver Sacks e pessoas em geral da Europa e do Brasil. Questionaram à diversas
áreas a respeito da visão, entre elas: filosofia, medicina, biologia, música e à literatura.
Os
diversos depoimentos e narrativas a cerca de sua percepção e de seu problema de
vista tornam o documentário atraente e não cansativo. Ao passo em que as
imagens são colocadas e desfocadas, fazendo menção a forma como são vistas
pelas pessoas que estão falando, a gente vai se envolvendo e conseguindo pensar
sobre as diversas formas de visão, que na verdade são construídas a partir de
uma vista mais ou menos acurada e socialmente construídas.
Leva-nos
a pensar se realmente existe verdade real ou nosso olhar está dependente de
formas prontas existentes? Olhar, perceber,
ver... fazem parte de uma visão de mundo que é construída, e como produto de construção
assim também vem a ser a nossa visão cerca da deficiência e da pessoa acometida
por ela, cabendo a quem tem a sensibilidade e conhecimento o poder de transformar
a atual realidade para que o mundo torne-se um ambiente mais tolerável, Vamos, pois ampliar as nossas visões para que
não sejamos limitados ao que está posto!
·
A
COR DO PARAÍSO
Mohammad um menino cego, sai de uma
escola para deficientes visuais para voltar para sua pobre casa e conviver com
a avó e suas duas irmãs. Mas o pai viúvo o vê como um problema e faz tudo para
se livrar dele.
Assista
completo: http://www.youtube.com/watch?v=p1J8aI9UAvY
Um menino cego que vê
sentido em mínimas coisas ao seu redor e enxerga o mundo através das suas mãos
e dos sons da natureza. É um filme iraniano, de estrutura simples,
diferentemente das obras hollywoodianas, talvez por isso alvo de muitas críticas
pela simplicidade, mas que nem por isso deixa de mostrar nas entrelinhas sua
grandeza nas lições sutis que nos passa. A cor do paraíso foi premiado
internacionalmente em Londres, Boston e San Diego.
Com o intuito de nos
mostrar a importância dos sentidos, a obra é comovente, enquanto sua avó e
irmãs tratam Mohammad de forma natural, como um ser de possibilidades, por
outro lado o pai o percebe como um verdadeiro castigo, reclama-se da vida e da
má sorte por ser viúvo e ter um filho deficiente, é num ato egoísta que o pai
afasta o filho do seio familiar contra a vontade/permissão da avó. Esta por sua
vez fica muito abalada e doente com a situação. Um pai extremamente egoísta vê a cegueira do
filho como um grande empecilho para a vida da família e essa falta de visão por
parte do pai o leva a todo tempo a buscar formas de se livrar dele.
A cor do paraíso fala-nos
da falta de perspectivas, de imensas impossibilidades e da terrível ignorância
em torno da pobreza e da deficiência. A grande lição talvez, seja a
simplicidade com que a avó lhe permite sentir o mundo e a alegria que ele sente
ao ser tratado de forma extremamente amorosa, aprendendo e ensinando com sua
cegueira.
Na cultura na qual o filme
foi feito a deficiência de fato ainda é um certo “castigo”, tipo de maldição,
isso vem a justificar a atitude do pai, mas em sociedades aonde não existe tal
crença, sociedades consideradas modernas em que se fala tanto em
acessibilidade, é muito perceptível que crianças cegas passem pelas mesmas
condições de Mohammad tanto dentro da família, como nos espaços sociais em
geral. Ser digno de pena, alvo de vergonha ou
invisibilidade é um dos maiores problemas para pessoas com deficiência.
Equipe: Fabiana Miranda, Fabrício Magalhães, Grécia Nonato, Lorena
Tínel e Mariany Carneiro
"Cinema é
como um sonho, como uma música. Nenhuma arte perpassa a nossa consciência da
forma como um filme faz; vai diretamente até nossos sentimentos, atingindo a
profundidade dos quartos escuros de nossa alma". (Ingmar Bergman)
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