1 - Como professora de artes para uma turma de inclusão,
quais são os maiores desafios?
Na escola que leciono
existem alunos com uma diversidade enorme de diagnósticos, com síndromes,
transtornos e déficits, e o número de alunos de inclusão por turma também é
significativo. Nós educadores sabemos que as salas de aula são heterogêneas, mas no contexto atual que
vivencio, assumo que tal circunstância me deixa apreensiva, pois muitas vezes
não sei como agir, sei que os cursos de Licenciatura não tem como dar conta de
todas as informações necessárias para a preparação do ser/fazer docente, mas
considero que os currículos urgentemente precisam ser reformulados visando
contribuir para a efetivação da inclusão.
Posso afirmar que o meu maior desafio como
educadora é promover situações de aprendizado para esses alunos da maneira que
é necessária para que eles possam desenvolver habilidades e competências como
qualquer outro educando, respeitando as possibilidades de cada um. Infelizmente
há uma distância abismal do que é feito e do que deveria ser feito. Você pode
se perguntar, mas, o que falta então? A implantação do sistema de inclusão é
muito complexa e requer uma série de mudanças em toda a Educação Básica. Vamos só
lembrar que uma sala tem de 25 a 30 alunos na melhor das hipóteses, desse
quantitativo vamos supor que 5 são alunos de inclusão, 3 com déficit de atenção
e hiperatividade, 1 com síndrome de down e 1 com autismo, como nesse contexto
um único professor pode satisfatoriamente cumprir seu papel com todos os 30
alunos? Tenho pesquisado e estudado possibilidades, conto também com o suporte essencial
de uma psicopedagoga com vasta experiência em atendimento, que me auxilia a
conhecer as peculiaridades de cada aluno isoladamente. Esse é o primeiro passo,
conhecer, estabelecer contato, interagir socialmente, envolver nos debates, mas
ainda falta muito.
2 - Qual a importância da família para o desenvolvimento
desse aluno com deficiência?
Essencial, tanto para os
alunos que não tem diagnóstico como principalmente, para os que têm. Como falei
anteriormente sobre a “demanda” na sala de aula, se nós professores não
pudermos contar com o apoio efetivo da família, me arrisco a dizer que o
trabalho é praticamente impossível de dar certo, ou então será em uma medida
muito inferior dentro do que seria possível alcançar. Esse é outro desafio que
lidamos, pois além da família que pensa que a escola é um depósito para
crianças, ainda existem as que se negam a acreditar e aceitar que o aluno
precisa de um acompanhamento profissional especializado. Ou os que defendem e
agem como se a criança fosse uma “coitadinha” incapaz. Acreditem todas essas
situações estão muito presentes em nosso cotidiano.
3 3 - Como é feito processo de avaliação desses alunos?
Depende do diagnóstico do
aluno, por exemplo, quem não é alfabetizado, ou não tem condições cognitivas,
ou pela idade avançada que também é muito comum, a aprender a ler e escrever, é
avaliado pela interação social com os colegas, relacionamento e participação
nas aulas. Quando o aluno é alfabetizado, mas tem dislexia, elaboramos uma
prova “adaptada”, com espaçamento entre as linhas e a letra maior, enunciados
mais curtos, mais uso de imagens, e consideramos além dessa prova escrita,
trabalhos, pesquisas, que correspondem a nota quantitativa, avaliamos a nota
qualitativa também.
4 - Você considera importante o acompanhamento do
psicopedagogo para o desenvolvimento desse aluno? Por quê?
É fundamental, pois ele além
fazer o atendimento individual com o aluno para investigar sobre suas
necessidades e realizar atividades que contribuam para o seu desenvolvimento,
esse profissional acaba sendo um elo que favorece a relação entre educadores
(escola), educandos e família, por exemplo, se em um atendimento a criança
externa uma tendência depressiva, relatando que se sente inferior, o
psicopedagogo se comunica com a família e com os professores, e juntos
trabalhamos para tentar reverter essa situação.
Atenciosamente: Thamiris Cavalcante
– Aluna de Licenciatura em Artes Visuais. UNIVASF.
Discente: Evelin Feiffer
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