quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

ENTREVISTA COM THAMIRIS CAVALCANTE



1  - Como professora de artes para uma turma de inclusão, quais são os maiores desafios?

Na escola que leciono existem alunos com uma diversidade enorme de diagnósticos, com síndromes, transtornos e déficits, e o número de alunos de inclusão por turma também é significativo. Nós educadores sabemos que as salas de aula são  heterogêneas, mas no contexto atual que vivencio, assumo que tal circunstância me deixa apreensiva, pois muitas vezes não sei como agir, sei que os cursos de Licenciatura não tem como dar conta de todas as informações necessárias para a preparação do ser/fazer docente, mas considero que os currículos urgentemente precisam ser reformulados visando contribuir para a efetivação da inclusão.
 Posso afirmar que o meu maior desafio como educadora é promover situações de aprendizado para esses alunos da maneira que é necessária para que eles possam desenvolver habilidades e competências como qualquer outro educando, respeitando as possibilidades de cada um. Infelizmente há uma distância abismal do que é feito e do que deveria ser feito. Você pode se perguntar, mas, o que falta então? A implantação do sistema de inclusão é muito complexa e requer uma série de mudanças em toda a Educação Básica. Vamos só lembrar que uma sala tem de 25 a 30 alunos na melhor das hipóteses, desse quantitativo vamos supor que 5 são alunos de inclusão, 3 com déficit de atenção e hiperatividade, 1 com síndrome de down e 1 com autismo, como nesse contexto um único professor pode satisfatoriamente cumprir seu papel com todos os 30 alunos? Tenho pesquisado e estudado possibilidades, conto também com o suporte essencial de uma psicopedagoga com vasta experiência em atendimento, que me auxilia a conhecer as peculiaridades de cada aluno isoladamente. Esse é o primeiro passo, conhecer, estabelecer contato, interagir socialmente, envolver nos debates, mas ainda falta muito.

2 - Qual a importância da família para o desenvolvimento desse aluno com deficiência?

Essencial, tanto para os alunos que não tem diagnóstico como principalmente, para os que têm. Como falei anteriormente sobre a “demanda” na sala de aula, se nós professores não pudermos contar com o apoio efetivo da família, me arrisco a dizer que o trabalho é praticamente impossível de dar certo, ou então será em uma medida muito inferior dentro do que seria possível alcançar. Esse é outro desafio que lidamos, pois além da família que pensa que a escola é um depósito para crianças, ainda existem as que se negam a acreditar e aceitar que o aluno precisa de um acompanhamento profissional especializado. Ou os que defendem e agem como se a criança fosse uma “coitadinha” incapaz. Acreditem todas essas situações estão muito presentes em nosso cotidiano.

3            3  - Como é feito processo de avaliação desses alunos?

Depende do diagnóstico do aluno, por exemplo, quem não é alfabetizado, ou não tem condições cognitivas, ou pela idade avançada que também é muito comum, a aprender a ler e escrever, é avaliado pela interação social com os colegas, relacionamento e participação nas aulas. Quando o aluno é alfabetizado, mas tem dislexia, elaboramos uma prova “adaptada”, com espaçamento entre as linhas e a letra maior, enunciados mais curtos, mais uso de imagens, e consideramos além dessa prova escrita, trabalhos, pesquisas, que correspondem a nota quantitativa, avaliamos a nota qualitativa também.

4 - Você considera importante o acompanhamento do psicopedagogo para o desenvolvimento desse aluno? Por quê?

É fundamental, pois ele além fazer o atendimento individual com o aluno para investigar sobre suas necessidades e realizar atividades que contribuam para o seu desenvolvimento, esse profissional acaba sendo um elo que favorece a relação entre educadores (escola), educandos e família, por exemplo, se em um atendimento a criança externa uma tendência depressiva, relatando que se sente inferior, o psicopedagogo se comunica com a família e com os professores, e juntos trabalhamos para tentar reverter essa situação.


Atenciosamente: Thamiris Cavalcante – Aluna de Licenciatura em Artes Visuais. UNIVASF.

Discente: Evelin Feiffer

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